Os clássicos nunca passam de moda e
foi com este pensamento que decidi reler esta obra de Eça de
Queirós. Como todas as suas obras, o autor transporta-nos para o
ambiente de uma sociedade, onde as suas já famosas descrições, nos
permitem visualizar o mais ínfimo pormenor.
Como noutras obras de sua autoria, Eça
de Queirós foca um grupo específico desta sociedade que ele critica
sem clemência, neste caso, o clero, onde foca toda a sua hipocrisia
e falsa conduta moral, bem como a pequena burguesia provinciana que
aceita e alimenta esta conduta, sendo eles próprios falsos
moralistas e/ou fanáticos religiosos.
À medida que nos vão contando a
história, vamos tendo acesso a pormenores do passado das
personagens, que já nos indicam certas tendências de actuação das
mesmas e fazem-nos questionar desde o início as suas atitudes e
posições, dando-nos assim, um retrato vívido dos vários tipos
característicos da sociedade portuguesa da época.
Para além do romance e das personagens
centrais, ao longo da história vamos tendo pequenos vislumbres da
sociedade do século XIX, subtilmente criticada pelo autor, através
de uma requintada ironia e mestria narrativa.
Amaro representa todo o lado
manipulador da igreja e dos seus membros e após a grande tragédia final,
volta à sua antiga vida como se nada tivesse acontecido, afinal “tudo passa”.
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