Skip to main content

Posts

Showing posts from January, 2014

Burst of Joy

Nesta explosão de alegria, podemos observar chamas de várias cores a emergir de um centro branco, puro e vazio, com uma forma semelhante à de uma borboleta. Algumas cores frias cortam a imagem que a nossa mente tem de uma explosão, dando-lhe um aspecto diferente, acredito que tenha sido a forma encontrada pelo artista para levar o público a identificar algum tipo de sentimento no meio deste cenário caótico e indefinido. Não está presente nenhum figura, mais ou nenos concreta nesta imagem, apenas uma mistura de cores que tentam apelar ao sentimento pretendido. Nada de palpável, nada que nos dê a segurança do conhecimento e racionalidade, apenas a cor, apenas o processamento dos sentidos, para que nos possamos entregar e deixar levar pelas emoções contidas.

A caminhada...

O rastolhar das folhas debaixo dos meus pés, indica-me que continuo a caminhar. Eles arrastam-se, cansados, doridos, mas o meu coração está firme e o meu pensamento decidido, o meu corpo determinado mantém-se na rota escolhida. A cada passo, sei que estou mais perto da linha de meta, traçada há muitos anos atrás por um inconsciente infantil que não sabia o que isso significava, mas ia sendo moldado pouco a pouco e sem dar por isso, na direcção da vida que sonhara. "Cuidado com o que desejas" oiço agora o meu consciente de mulher dizer, apesar de saber que é irrelevante. O desejo permanece, sempre, mesmo quando não sabemos que ele lá está, porque é essa a natureza humana. E a cada passo que damos, nos sentimos mais próximos, mas é tudo uma ilusão. Tal como o pote de ouro no final do arco-íris, não importa saber se é verdadeiro ou não, o que é realmente importante é a nossa caminhada até lá.

Joy Riders

Esta tela de Rassouli, um artista visionário e do qual vale a pena saber um pouco mais e conhecer a sua obra, é uma pintura muito interessante e da qual podemos tirar muitas conclusões e ideias. Como verificamos em todo o resto da sua obra, Rassouli colocou em  Joy Riders  algo de espiritual. Nesta imagem, dois seres dirigem-se para uma luz ao fundo do túnel, que nos ofusca e nos cega, impedindo-nos de ver o que se encontra do lado de lá. Um túnel em espiral que pode significar as voltas que a vida dá, até encontrarmos o momento em que nos sentimos plenos. Toda a sua obra é envolta em misticismo, traduzindo-o de muitas formas e através de diferentes pormenores em cada tela. Neste caso, as figuras altamente difusas em contraluz, fazem-nos lembrar espectros que vagueiam na treva e finalmente encontram o seu caminho. É uma obra que nos transmite um certo sentimento de paz e reconciliação, onde o espírito representado pelas duas figuras esfumadas, entra em contacto e se mistura

O Passado e o Presente

Este é um quadro de contrastes entre o passado e o presente, conseguindo como resultado final uma composição harmoniosa e agradável. Comecemos então por analisar o ambiente envolvente, uma divisão com aspecto mal tratado, grafittis nas paredes, um qualquer edifício abandonado de uma grande cidade. Em frente, um lance de escadas conduz-nos a uma janela luminosa, bem tratada, limpa, uma abertura para o mundo de luz lá fora, que em nada se assemelha ao resto da divisão. Esta janela lembra-me uma janela antiga, de grande casarão, mas também a figura que está na escada me transporta, de alguma forma, para algumas décadas atrás. Estaria o nosso artista, de forma metafórica a enaltecer o passado, colocando-o um pouco acima do presente degradado? Ao fundo da escada, sentada no chão, contra a parede graffitada , uma rapariga com aspecto mais moderno e de pés descalços, parece ouvir a melodia que a mulher sobre a escada dança. No meio das duas, como se juntasse os dois mundos, uma

Diferentes Almas, Uma Só Forma

Esta é uma obra de cores vibrantes e com grande impacto visual, da qual infelizmente sei muito pouco. Encontrei-a através do motor de busca e não sei o seu nome ou o do autor, no entanto, não poderia deixar de mostrá-la aqui. A obra está repleta de figuras que representam notoriamente seres humanos. Praticamente iguais na forma, são bem diferentes por dentro. Cada um tem cores próprias, como se fosse a alma que os habita. Apesar desta diferença interior, todos eles parecem ter o mesmo objectivo. Estas formas misturam-se e fundem-se ao longo da tela, e todas parecem inclinar-se na mesma direcção, como se no chão, à frente delas estivesse algo que quisessem alcançar. As duas formas semicirculares que surgem na parte inferior da tela, junto às duas formas azuis que se inclinam ao centro, fazem crer que aí estaria outra daquelas almas, que mal se vê, talvez caído no chão. Estaria esta multidão a mover-se para ajudar a alma caída, pisada pela indiferença alheia? Talvez o autor

Inner Ocean

Este quadro representa para mim, um oceano mais profundo e mais complexo do que aquele que cruza o nosso olhar no horizonte. É ele, o oceano que habita em nós, cheio de segredos e cor e que Joy Brian Commerford consegue transmitir para a tela em poucas cores. A luz do sol reflete-se na água e penetra através da transparência da onda que se ergue ao largo, para desfazer os castelos de areia que construímos na praia.  Destrói os nossos castelos de medo, de insegurança e de inércia, antes que estes se agigantem de tal forma, que nada os consiga afastar. Mas também abate os outros, os castelos de esperança, de desejo e de luta, os quais combatemos todos os dias para manter de pé. E quando a onda vem e lava todas as construções da nossa alma, cabe-nos a nós, decidir quais queremos reconstruir.

Hoje sinto-me assim

Hoje sinto-me assim, Distante, Com o coração a palpitar, A boca seca, O desejo de futuro a gritar. Desejo-o agora, Agora que ele é um raio de luz, Porque sei que não mais se esvai por entre os dedos ao nascer da aurora, Porque sei que o agarro e mantenho na palma da minha mão. O futuro está próximo, É aquela luzinha ao fundo A estrelinha sorridente, Que murmura ao mundo: "Está a chegar."

O Corpo e a Forma

Este é um quadro simples, porém, interessante, as suas cores garridas, tipicamente femininas, dão-lhe uma personalidade forte, que vem brincar com as formas do corpo humano tornando-as um amontoado de linhas confusas e fluídas.  Os traços ondulantes sugerem uma subtil silhueta feminina, caída sobre um joelho e de cabeleira esvoaçante. Uma mão assenta delicadamente sobre o rosto, numa postura que poderá ser de surpresa, pelo que observa na outra.  Os motivos alaranjados fazem-me recordar a luz do sol, que ilumina esta mulher que talvez veja o futuro na palma da mão. A falta de expressão na mancha que podemos identificar como o seu rosto, leva-nos a colocar a questão: será o seu futuro apaixonante e esplendoroso? Ou a sua surpresa é apenas a definição do horror que a assola, ao perceber o que a espera?

A Substância do Tempo

A Substância do Tempo é um interessante romance de Isabel Pereira Rosa e tem como objectivo transportar-nos para as dificuldades da vida no continente africano. Ao longo deste romance, que tem como motor central um segredo de família, caminhamos por entre os refugiados das grandes tragédias e crises humanitárias, para mais tarde viajarmos ao horror do Tarrafal. Com uma boa qualidade literária, A Substância do Tempo brinda-nos com personagens fortes e determinadas que se recusam a sucumbir perante a brutalidade do sistema em que são estão inseridos. Dá-nos um bom retarto da vida nas aldeias do nosso país antes do 25 de Abril de 1974 e deixa-nos uma descrição de ir às lágrimas dos macabros acontecimentos ocorridos dentro das paredes da Prisão do Tarrafal. Um testemunho forte e emocionante, de uma época cruel, na história contemporânea do nosso país. Uma boa aposta da Chiado Editora e uma leitura de qualidade.

E era uma vez... uma janela encantada

Uma janela encantada, onde podemos ver um mundo de fantasia inigualável e criar cada uma das personagens que nele habitam... foi isto que surgiu na minha mente quando vi este quadro pela primeira vez.  Gostei especialmente dele pelas suas linhas pouco definidas, pelo contraste claro de luz e sombra e pelo enquadramento interessante, apesar de simples. No centro da tela, encontramos uma jovem de costas voltadas para nós que observa o mundo através de uma janela. O seu vestuário faz-me lembrar os anos vinte do passado século. As linhas difusas do lado de fora da janela, surgem para os meus olhos como um jardim, ou um bosque, quem sabe, uma floresta encantada... Indiferentemente do que seja, é um mundo colorido e vivo que contrasta com a monotonia do interior. A figura principal exibe uma postura descontraída, calma, de quem se limita a apreciar o que vê. Talvez as paredes apáticas sejam, na verdade, o seu porto de abrigo, a sua segurança para a loucura do mundo exterior. O úni

A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo

Neste segundo volume da trilogia Millennium acompanhamos de forma mais pormenorizada a vida da protagonista Lisbeth Salander, conseguindo finalmente, entender pequenos pontos, que tinham ficado encoltos em misterio no primeiro livro. Nesta obra, Mikael e Lisbeth vêem-se novamente envolvidos numa investigação vertiginosa e extremamente perigosa, que chega a fazer-nos acreditar que tudo está perdido. Mais uma vez, Stieg Larsson atira-nos à cara a realidade dura e crua dos abusos e do tráfico de mulheres, enquanto põe o nosso coração a palpitar com as cenas de suspense e horror que nos proporciona. Uma narrativa rápida, segura e hábil no tecer da história. Estou ansiosa por ler o 3º livro.

Castle Path

Ao deparar-me com este quadro imediatamente pensei em contos de fadas. Esta é uma imagem perfeita para um cenário onde gnomos, bruxas, príncipes e cavaleiros convivem lado a lado, para nos fazer sonhar. Um castelo iluminado pelo sol, uma vegetação perfeitamente posicionada, encantadoramente verde, a água que corre suavemente, percorrendo o seu curso, pelo mesmo caminho traçado há muitos anos... Pela porta aberta do castelo vemos as escadas que nos conduzem às muralhas, ao fundo. Não se vê viva alma por todo o quadro, o que dependendo do nosso estado de espírito, poderá transmitir a ideia de intocado ou abandonado. Muitas histórias se poderiam criar a partir desta entrada para um castelo desconhecido, mas essa tarefa, vou deixá-la convosco.