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Showing posts from October, 2013

A palavra da imagem

A arte é uma linguagem diferente daquela que usamos habitualmente e no entanto, mais universal e acessível a todos. "Uma imagem vale mais que mil palavras", já dizia o ditado e a verdade é que quanto menos conceitos escritos tenham, mais acessível as obras se tornam. Porque a palavra proibe, a palavra trava, a palavra bloqueia... pode tornar-se uma barreira entre pessoas de locais diferentes, ou uma forma de nos obrigar a ver a situação sob o mesmo ponto de vista do autor. Eu, que adoro as palavras, sou obrigada a admitir que muitas obras se tornam irresistíveis pela sua ausência. São só imagens, representações de algo que existia na cabeça do autor e vão projectar algo completamente diferente na nossa.
Uma lágrima escorreu na face cansada, ziguezagueando por entre as linhas vincadas pela vida. Mas não era tristeza, era alegria. Naquele momento, não havia mais aquela dor, era só felicidade. O sorriso iluminou o rosto de quem errou muito, mas fez tudo o que podia para agarrar os seus sonhos. E agora, que uma nova vida quer chegar, novos sonhos, novas lutas, novas lágrimas e sorrisos, esperam a cada encruzilhada, preenchendo cada bocadinho de si com alma e cor.

A Sombra

A sombra caminha por entre a incerteza dos dias, esperando o momento certo para nos tomar por completo. Porém, há uma certeza que habita em nós que faz brilhar a luz do sol. A sombra, essa, perante a luz intensa dos raios brilhantes, afasta-se, mas aumenta gradualmente, fitando-nos lá do fundo da nossa mente, à espera do nosso primeiro deslize, à espera da primeira oportunidade para nos oprimir e subjugar.  E nós continuamos, no nosso esforço diário que luta por mantê-la afastada. É essa nossa vontade de ser feliz a todo o custo, que a faz minguar lentamente, até desaparecer.

O Beijo - The Kiss

O beijo. Essa irressistível forma humana de mostrar carinho, de dizer que se gosta e se está presente, tão bem ilustrada nesta escultura de Auguste Rodin. Ao olhar esta obra, uma avassaladora sensação de conforto me invade. Apesar de ser esculpida em frio mármore branco, irradia calor e afeição, talvez devido ao facto do autor se ter inspirado nos seus próprios delírios amorosos, ou simplesmente, porque foca um sentimento que nos toca. Esta escultura foi reproduzida e está agora ao alcance de todos os amantes da arte, em diversos materiais. Desde a fria Copenhaga à calorosa Buenos Aires, passando pela romântica capital Paris.
O meu último trabalho, encomenda da minha mãe. :)

Ilustração e Literatura

Aquilo que nós hoje em dia associamos a livros infantis, as ilustrações, foram em tempos uma forma de fazer chegar  até uma maior quantidade de pessoas a mensagem de um texto. Por isso, não eram considerados simples desenhos, eram ilustrações, ilustravam os complexos símbolos, indecifráveis para uma população maioriatariamente iletrada e analfabeta. A igreja católica foi uma das principais instituições a usar esta técnica, fazendo os seus monges copistas, lindas iluminuras, que contavam, por si só, as histórias que pretendiam transmitir. Hoje em dia, as ilustrações desempenham praticamente a mesma função nos livros infantis, mas desapareceram nas grandes obras literárias. Ler é usar a imaginação, talvez a imagem represente algum tipo de quebra criativa para a mente do leitor, ou simplesmente seja desnecessária, tendo em conta a diminuição significativa do analfabetismo. No entanto, e apesar destes argumentos perfeitamente válidos, eu considero que, nalgumas situações, ela pode

Vampiros?

Um quadro simples e interessante. Numa altura que em os vampiros estão "na moda" é impossível não tropeçar, aqui ou ali, com alguns trabalhos sobre a temática. Eu gostei especialmente deste. A representação de um clássico, um interessante contraste de luz e um olhar mais surpreendido do que aterrorizador. Que me dizem?
The preamble of my new book. ;) I hope you like it. The screams seemed like some animal's strange winches that appeared to come from all around me. Suddenly, everything turned reddish. Meanwhile, screaming voices alarmed the whole neighborhood. In the distance, one could hear the ambulance's wailing, an omen of tragedy. The rhythmic sound trying desperatly to carry the death away. But I could tell it was too late. All around me, terrified faces, attempted to block my vision. - Don't look at it! I had several arms wrapped around me, all at the same time. I felt like I was suffocating under all those people. They were crying and grabbing me, with terrified screams and terror in their eyes, yet no one was seeing them . How was that possible? They were there, the most faithful mates I had, those who would never leave me... the shadows.

Pensar por símbolos

Pensar. Essa maravilhosa capacidade humana, que muitos evitam utilizar. Uns por preguiça, outros por medo do que a sua mente poderá criar.  Não é preciso ser um filósofo para pensar no mundo à nossa volta e todos os dias nos deparamos com situações que nos fazem parar e refletir. Normalmente, estes pensamentos afloram à nossa mente como palavras, ou imagens criadas por nós. A arte é uma forma de passar essas imagens para o mundo real, de as fazer chegar aos ouros e pô-los pensar simbolicamente acerca de um assunto ou acontecimento. É todo um símbolo, que se forma na nossa mente e quando transmitido a outras pessoas, cria novas realidades e novos símbolos nas suas mentes.

Colorful Dance Circle

Apaixonei-me completamente por este quadro. Eis aqui um exemplo do trabalho da cor. Movimentos circulares, realizados a cores brilhantes, enchem-no de estímulos meramente emocionais e difíceis de transmitir em palavras. A noção de profundidade, dada pelo escurecer da cor, faz-nos sentir que talvez haja algo mais, escondido, para lá da realidade sensorial brilhante e alegre, que parece esconder, talvez, aquilo que o autor considera real. Ou poderá ser apenas e tal como o nome indica, uma dança de cores, com o objectivo final de dos fazer sorrir.

Cor

Cor. Este factor incontornável da arte, que pode ser o despoletador de um amor à primeira vista, ou de um sentimento do mais absoluto horror pela peça que está à nossa frente. Até uma pedra, por mais insignificante que seja, tem a sua própria cor e acreditem ou não, ela vai influenciar a forma como a encaramos, como a sentimos... Do mesmo modo, também na arte, a cor pode fazer toda a diferença. Porque acham que algumas pessoas preferem as fotografias convencionais, a cores, e outras se dão ao trabalho de passá-las por um qualquer editor de imagem, para colocá-las a preto e branco? É simples. Porque a cor influencia as nossas emoções em relação ao que estamos a ver. Agora, fechem os olhos e tentem imaginar uma tela vazia, branca.  O que vos fez sentir? A mim lembra-me a ausência. Mas e se estiver toda azul? Ou amarela? Ou verde? Preta? Sentirmo-nos exactamente da mesma maneira? Há vários estudos publicados sobre a influência que a cor tem em nós, no mais profundo do nosso ser

Love Birds

A calma da noite, dois apaixonados, a natureza conspira à sua volta. Eles são diferentes. Diferentes um do outro, diferentes do resto do mundo. Mas não se importam. Olham-se fixamente nos olhos, conhecem-se, confiam, penetram na alma um do outro e uma só certeza existe no seu coração: ninguém tem aquilo que eles têm, porque ninguém conhece, ninguém sabe que é possível.
A arte é um símbolo, qualquer que seja o tipo de arte, uma pintura, uma escultura, um texto, até um simples risco, pretende reprensentar um ideal que toma lugar apenas na mente do seu autor. Pode ser um ideal humano ou espiritual, roçando ligeiramente nos princípios religiosos subjacentes a cada um de nós. O mesmo risco, o mesmo borrão de tinta no papel, pode ter um significado inteiramente diferente para cada apreciador. As mesmas palavras podem ser reconfortantes ou extremamente ameaçadoras, a mesma cena num livro, pode despertar em nós, os mais diversos sentimentos. Tudo depende das nossas vivências e expectativas. Arriscaria então a dizer que a arte tem algo de adaptável, a mesma obra pode diluir-se em diferentes significados e emoções, consoante os olhos que a vêem.  É a sua forma de chegar a cada um de nós.

É Maravilhoso

É maravilhoso, O bater das ondas furiosas nas rochas, enquanto salpicam o nosso rosto. É maravilhoso, O cheiro do pão acabado de fazer, que foge por entre as frestas da padaria. É maravilhoso, o frio a chicotear-nos o rosto, enquanto o sol de Inverno luta para nos aquecer. É maravilhoso, Acordar de manhã com o sol a bater-nos no rosto. É maravilhoso Sonhar. É maravilhoso acordar com cócegas, para um dia cheio de sorrisos. É maravilhoso ouvir a gargalhada de quem amamos, enquanto nos segreda ao ouvido. É maravilhoso, O mundo. Viver é maravilhoso.
Força. Strength. É o que me transmite este quadro, as cores vibrantes em torno de um desenho simplificado do homem, fazem-nos crer que todos guardamos em nós, a força suficiente. O mais simples ser humano, guarda no meio da sua sombra, um rasgo de fogo, uma faísca que acende a sua força e o seu poder. É algo dentro de nós, que nos faz brilhar por fora.

Sombras - Prefácio

À minha volta, os gritos pareciam estranhos guinchos de animais feridos que vinham de todos os lados. De repente, tudo ganhou um estranho tom rubro, enquanto as vozes esganiçadas alarmavam toda a vizinhança. Ao longe, podia ouvir as sirenes a clamar a desgraça. O som ritmado e contínuo das ambulâncias, numa tentativa desesperada de afastar a morte. Mas eu sabia que era demasiado tarde. À minha volta, caras pálidas e aterrorizadas, tentavam colocar-se à frente dos meus olhos.      - Não olhes. Não vejas. Vários braços me envolviam, todos ao mesmo tempo. Sentia-me sufocar no meio de todas aquelas pessoas. Gente que chorava e me agarrava, com gritos horrorizados e olhos de pavor. Mas ninguém via. Como era possível que ninguém visse? Elas estavam ali, as minhas companheiras mais fiéis, aquelas que nunca me largavam. As sombras. Poderão ainda ler o primeiro capítulo gratuitamente em: http://www.bubok.pt/livros/7384/Sombras Espero que gostem! :)
É com muita alegria que venho dar a conhecer o meu segundo romance "Sombras". Todas as pessoas que já o adquiriram têm gostado e eu estou muito feliz com a aceitação que tido e a forma como as pessoas têm reagido. Obrigada a todos os que já adquiriram e para os outros, podem conhecer um pouco melhor a história, através da sinopse no site seguinte: http://www.bubok.pt/livros/7384/Sombras Aqui também podem ler o prefácio e o 1º capítulo gratuitamente. Espero que gostem! 
Mais um trabalho a aguarela. Chamei-o "Shadow". Não ficou exactamente como eu queria... O que acham dele?
A arte representa e está ao serviço do invisível, do invisível que está em nós e nos preenche por dentro e que tantas vezes só uma imagem abstrata ou meia dúzia de palavras confusas pode descrever. Podemos, muitas vezes, atribuir uma cor à nossa alma, mas é impossível descrevê-la. Outras vezes, não há uma imagem que consiga ilustrar as palavras que brotam no nosso coração. A arte pode reproduzir-nos das mais diversas formas e ajudar-nos a compreender uma ínfima parte do interior dos outros seres, que como nós, anseiam encontrar uma fórmula que lhes permita dar a conhecer aos outros, a imensidão da sua alma.

Amanhã

Hoje não, Amanhã. Amanhã continuo. Hoje estou cansada, Hoje o ar pesa E o meu corpo recusa o movimento. Hoje fico inerte, até amanhã. Amanhã sou forte outra vez, Amanhã luto outra vez. Hoje não. Amanhã.
Hoje procurava algumas imagens a óleo, quem sabe não me inspiravam e voltava a pintar? Ao fim de alguns minutos, achei esta, que me inspirou, não a pintar, mas a escrever. É uma obra de Márcio Camargo. Não sei o que ele pensava quando a pintou, não sei exactamente de que forma é que este casal o inspirou, mas a mim fizeram-me imaginar mil histórias. Reparem na postura do homem, talvez ele esteja a explicar-lhe alguma coisa. Ela parece atenta. Talvez ele recorde o que sentiu na primeira vez em que a viu, ou talvez, sinta que está a chegar o fim da sua vida e tenha decidido pedir-lhe perdão pelos seus erros, ou, quem sabe, talvez por uma ou outra omissão. Ela escuta-o, não é capaz de afastar o olhar. Algumas palavras podem magoar profundamente, mas ela sabe que não há mais nenhuma relação como a deles, que jamais encontraria alguém que se encaixasse tão bem nela e com ela. Sim, vai perdoá-lo, quase posso ver a sua postura a descontrair-se, enquanto ele tenta explicar que o

Passado, Presente e Futuro

O passado é um presente contínuo, que continuamos a viver com medo de um futuro, que quando fôr presente, será marcado pelo passado do presente que construímos agora. TicTac TicTac E enquanto isso, os ponteiros do relógio fazem-nos acreditar que o futuro está a chegar e nós lutamos presentemente com um passado que queremos esquecer. TicTac TicTac As ilusões que tinhamos surgem como uma bofetada, aniquilando os sonhos que temos para a vida que teremos. TicTac TicTac Os medos ecoam na nossa cabeça, trazendo à tona os arrependimentos que tivemos, em relação àquilo que faremos. TicTac TicTac E o mundo gira à nossa volta, os outros sorriem relembrando a alegria que tiveram e ignoram o que farão amanhã TicTac TicTac As ruas apinhadas de gente empurram-nos hoje, para um amanhã, que irá refletir o que fizemos ontem. Tic tac...
Mais um trabalho em acrílico sobre Canson.
A neve cai e congela o mundo à minha volta. O tempo pára. Lá fora o silêncio reina e o branco e a paz dão-nos o estranho sentimento de ausência. Sinto os meus pés doridos e frios, mas insisto em andar descalça, em sentir na palma dos pés as aspirações do mundo. Os animais recolheram-se, só eu saio para a alvura do deserto. Só eu, encho os pulmões com cristais de gelo, só eu caminho com os pés submersos na neve, só eu tento entender. No céu, uma ave patrulha a cidade fantasma, talvez ela mesma seja um espectro, aguardando pelo meu derradeiro momento, para me fazer voar sobre o mundo dormente e gasto pelos anos de dor e treva. E lá do alto vou sorrir, pois só um sorriso, é capaz de derreter o gelo que cobre a humanidade.
     As pessoas caminham, passam para trás e para a frente, indiferentes à beleza da cidade. Vão apressadas em direcção ao seu emprego e não param um segundo para absorver a brisa da manhã.    A pequena ondulação bate nas rochas ásperas produzindo sons ritmados e melancólicos, como uma canção de intervenção, como um grito de alerta que vem das entranhas da terra, o gigante adormecido que clama por protecção.     Até quando poderemos vislumbrar o brilho do sol nas águas? Sem que o negro grude derramado pelos navios que as cortam sem piedade o esconda?     Ao longe, os carros chiam, as suas rodas derrapam contra as pedras já gastas. Os sem abrigo chamam por uma ajuda que nunca chega, enquanto eu me foco nas águas acastanhadas, que vão e vêm de encontro ao pontão.      Do outro lado do rio, uma outra cidade nos sorri, um cristo nos recebe de braços abertos do topo do seu mundo e eu questiono-me: será o som dos carros, dos mendigos e dos trabalhadores a caminho do seu dia a dia
O trabalho de uma grande amiga, com pincel e pena, inspirando-nos a todos com esta frase tão cheia de significado, ilustrada por um trabalho simples e belo. Espero que gostem tanto como eu. :)