A neve cai e congela o mundo à minha volta. O tempo pára. Lá fora o silêncio reina e o branco e a paz dão-nos o estranho sentimento de ausência.
Sinto os meus pés doridos e frios, mas insisto em andar descalça, em sentir na palma dos pés as aspirações do mundo.
Os animais recolheram-se, só eu saio para a alvura do deserto. Só eu, encho os pulmões com cristais de gelo, só eu caminho com os pés submersos na neve, só eu tento entender.
No céu, uma ave patrulha a cidade fantasma, talvez ela mesma seja um espectro, aguardando pelo meu derradeiro momento, para me fazer voar sobre o mundo dormente e gasto pelos anos de dor e treva.
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