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Showing posts from November, 2013

O Grotesco

Há muitas formas de encarar o Grostesco ou o Bizarro na Arte. Rosa Nussbaum tem uma perspectiva interessante, que explorarei neste post. O Grosteco passa muitas vezes pela ideia de liquefação dos diferentes elementos da obra, uma mistura de corpos entre si ou de corpos com a natureza, são um bom exemplo deste estilo. Há uma transformação, uma metamorfose, que poderá mesmo, ser horripilante para o nosso olhar, sendo precisamente isso que a torna tão fascinante. Os artistas que recorrem ao grotesco como forma de expressão, não pretendem deliciar o seu público com a beleza da sua obra, mas sim chocá-lo. Nussbaum vê este tipo de arte como uma forma de combate à pressão posta no ser humano para a perfeição, o último objectivo destas obras. Muitas vezes, estes artistas inspiram-se em lendas que captam os maiores medos do ser humano, aquele lado negro que normalmente escondemos ou queremos esquercer totalmente. Brincam com os medos, os pesadelos e toda a horripilante torrente macabra

Dreaming in Color

Pino Daeni, pintor italiano, foca-se essencialmente, em toda a sua obra, no corpo humano, oferecendo especial destaque ao corpo feminino. Escolhi esta obra, intitulada Dreaming in Color pela contradição que vejo entre o nome atribuído e a imagem que tenho diante de mim. O nome sugere-me uma figura sonhadora, que talvez pela aparência escolhida devesse passar uma imagem sedutora e forte de quem se deixa guiar pelos seus sonhos, os quais prentede viver intensamente e sem deixar fugir por entre os dedos cada oportunidade. No entanto, ao olhar esta imagem pela primeira vez, longe ainda de saber qual o nome desta obra, tinha diante dos meus olhos uma outra história. Na figura, deparei-me com aquilo que julguei ser uma mulher cansada, cansada de esperar por algo ou alguém, que acaba por adormecer de exaustão. Talvez nesta perspectiva, o sonho seja o seu refúgio, uma última tentativa de encontrar o que nunca irá chegar. Acredito que esta ambigudiade que vejo na obra foi o que a

Ricochete

Um dos muitos romances da escritora Sandra Brown, umas das grandes bestsellers da actualidade. Impróprio para cardíacos, Ricochete é um policial intenso e cheio de emoções, que nos obriga a por a nossa imaginação a trabalhar a cada parágrafo. À medida que devoramos avidamente as mais de 400 páginas, sentimo-nos verdadeiros investigadores, com certeza negadas por todos, dúvidas aceites por unanimidade, coração acelerado e alguma falta de ar, quando surge uma nova pista. Muitas vezes, com receio de voltar a página e saber o desfecho da situação. Tal como na vida real, o verdadeiro criminoso está sempre onde menos se espera e a corrupção e troca de influências torna-o cada vez menos suspeito, para desespero de todos.  Uma investigação perigosa, marcada por muita sensualidade e conflitos éticos, tão realista que nos faz arrepiar. Aconselho vivamente.

Conto - Útima parte

E aqui está a última parte do conto. Espero que tenham gostado.  Respirei fundo e dirigi-me à mesma. O estrago era grande e era impossível voltar a fechá-la. Eu sabia que de uma forma ou de outra, ele iria voltar, mas não me sentia minimamente confortável em ficar ali, naquela casa vazia, no ermo do campo, com a porta irremediavelmente aberta. Não havia muito que eu pudesse fazer, pelo que me limitei a ir buscar um dos velhos sofás e colocá-lo atrás da porta. Em seguida, sentei-me no banco da cozinha. Não havia grandes hipóteses, eu tinha a certeza absoluta que o anel encontrava-se ao meu pescoço quando entrara na casa. Então, tinha de ali estar. Voltei ao lugar da queda e espreitei para baixo. Era impossível vê-lo dali, mas era o sítio mais provável para ele estar. Só não sabia como iria descer até ali, sem partir nenhum osso. Fui até à despensa da casa e peguei o mais alto dos escadotes que lá se encontravam, em seguida, deitei-me no chão, junto ao buraco e tentei abri-lo
Conto - 2ª parte  Quando voltei a mim, sentia uma enorme dor de cabeça. Abri os olhos com dificuldade, o corpo todo doia. Apalpei meio a medo as pernas e os braços, não, não havia nada partido. Olhei em volta, tinha caído para o andar de baixo. Eu nem sabia que havia andar de baixo. Ao meu redor, só via ligeiros contornos que não permitiam reconhecer os objetos que ali se encontravam. Levei a mão ao bolso traseiro das calças, tentando alcançar o telemóvel. Tudo o que encontrei, foram fragmentos, soltos e partidos. - Isto está cada vez melhor... Estar ali era quase tão assustador como estar lá fora, a pessoa que estava a observar-me podia a qualquer momento entrar na casa. Olhei para cima, pensando numa forma de alcançar a saída, mas estava demasiado alta. Voltei a fitar o aparelho partido na minha mão. O louco podia também ser a minha única hipótese de sair dali. Arrepiei-me com a ideia. - O que foi que me deu na cabeça para vir até aqui? Respirei fundo e tentei pensa

Conto

Criei um conto, ainda sem título, que publico agora em três posts devido à sua dimensão. Espero que gostem e quem sabe, me ajudem a criar um título para ele.  Esta história começa no Verão de 1994, quando o mundo se mostrava brilhante e colorido e todos tentavam desesperadamente ser felizes. Eu tinha sete anos e nós viajámos rumo à casa de campo de uns grandes amigos do meu pai. O ar estava pesado e o nevoeiro tornava-se cada vez mais denso à medida que nos embrenhávamos por entre as árvores grossas. Eram exactamente 3 horas da tarde, disseram-me muitos anos depois, quando o pneu da viatura rebentou. Eu não me lembro de nada, só do calor e da humidade pegajosa na pele e do grito. Um grito que ecoou durante vários minutos por entre a vegetação, até que tudo ficou negro e silencioso. Cresci sem saber ao certo o que tinha acontecido e a única recordação que tinha da minha mãe era um anel de ouro finíssimo, com uma pedra azul turquesa que trazia sempre ao pescoço. Nunca mais lá

Sergio Martinez Cifuentes - Um artista de Excelência

Na sua obra, o pintor chileno oferece grande destaque à imagem da mulher e do seu corpo, em quadros muitas vezes ousados e sensuais. Enquanto criança, era muito introvertido e cresceu praticamente isolado de outras crianças da sua idade, mas cedo se destacou através dos seus trabalhos, desenhos e rascunhos, aos quais mais tarde associou a poesia. Para mostrar um exemplo da sua obra, escolhi este quadro a óleo, pois esta imagem representa para mim a força de vontade e a tenacidade necessária para atingir os nossos sonhos e objectivos. Uma bailarina, um ser de aspecto frágil e delicado, mas que é também um grande exemplo de persistência e trabalho árduo, da luta diária para alcançar os seus objectivos. Para mais conhecimento, visitem o site do autor e vejam as suas belas obras: www.sergiomartinez.com.

O Coração das Trevas

Um clássico de sucesso, um dos livros mais vendidos de sempre. Como todos os clássicos, poderá tornar-se um pouco cansativo para o leitor moderno, habituado à velocidade desenfreada do cinema. No entanto, a história prende e deixa-nos curiosos, mesmo quando já nos apetece saltar algumas páginas, para ver o que acontece a seguir. Vence-nos pelo desenrolar da narrativa, com paisagem opulenta e personagens cativantes, no meio da selva africana. A premissa é simples, um marinheiro contador de histórias, um mercenário ganancioso e uma viagem atribulada pelo meio da floresta densa e envolta na bruma. Do que é capaz o homem, quando sabe que está num sítio inóspito, onde ninguém descobrirá os seus actos? Uma longa viagem, muito acidentada com o objectivo de conhecer um homem fascinante, para afinal se descobrir que é apenas mais um ser humano, fraco e com falhas. Um livro que nos transporta no tempo e no espaço, fazendo-nos confrontar com o que de mais obscuro se esconde na nature

Minha Querida Inês

Uma obra da "escritora que mais vende em Portugal" segundo a imprensa, recentemente envolvida em grande polémica devido às suas declarações... controversas. Margarida Rebelo Pinto pretende, em Minha Querida Inês , trazer-nos uma obra diferente acerca de um tema exaustivamente trabalhado por diversos autores dos mais variados géneros. A autora foca os últimos dias de vida da personalidade feminina mais conhecida da história de Portugal, através do ponto de vista e relatos de várias personagens, muitas delas reais e normalmente sem voz nos romances convencionais. Um livro interessante, de linguagem acessível e veloz nos acontecimentos, que se lê em poucos dias.  Tem talvez, pouca consideração pelo ambiente próprio da Idade Média, mostrando-nos uma Inês moderna, quase independente, com ideias e desejos. Ainda assim, muito bom entretenimento. Uma boa leitura para férias. 

O Olhar

Uma das mais famosas fotografias publicadas na National Geographic, pintada agora num óleo sobre tela quase perfeito. Cores harmoniosas emolduram um rosto muito expressivo, que consegue transmitir-nos com toda a força, a emoção de um momento perdido no tempo e na história. Uns olhos de rara beleza fitam assustados um fotógrafo estrangeiro, ansioso por captar a essência do que vê, em meio ao caos da guerra e à dor da perda. Um rosto que correu o mundo, inseguro, defensivo... Quem sabe, questionando-se sobre a chegada do seu próprio futuro. Uma fotografia que me fascinou, uma pintura que me convenceu.

Os Homens que Odeiam as Mulheres

Este é o primeiro livro de uma trilogia policial de tirar o fôlego. Uma história violenta e aterradora, que nos transporta para uma realidade cruel. Mikael Blomkvist é um jornalista metido numa complexa situação de corrupção e mentiras que o levam a um processo judicial. Decide então afastar-se por um tempo, aceitando um trabalho de investigação, aparentemente inofensivo. Vê-se assim arrastado para um mundo vil de intrigas, mentiras e crueldades, onde uma dolescente desaparece misteriosamente. Lisbeth Salander é uma jovem problemática, com um passado aterrador, e com dons muito peculiares. Uma personagem cativante, com ingredientes quase fantásticos que nos leva a questionar muitos dos nossos estereótipos. Juntos, fazem parte de uma história viciante, capaz de nos tirar o fôlego e com um final imprevisível. Os Homens que Odeiam as Mulheres trasporta-nos para uma crua realidade, facilmente ignorada por todos e assustadoramente desconfortável, onde o verdadeiro inimigo está

A Sublimidade do Terror

Esta fotografia, retirada da wikipédia mostra um dos mais aterradores acontecimentos provocados pela mão do homem. Quão sublime e aterradora tal imagem pode ser? Por vezes, um horror como este, transforma-se também numa imagem de estranha beleza, que nos comprime o coração e o desgasta de uma forma estranhamente opressora. É impossível desviar o olhar daquilo que é responsável por tanta morte e destruição. Porque alguém tiraria fotos ou pintaria uma imagem como esta? Esta é talvez, uma forma moderna de usar arte como escape. A terrível bomba que provocou quase 200 000 mortos no Japão, transforma-se aqui em mais uma nuvem no céu, uma estranha ironia...  Uma imagem como esta poderá assim, ser uma forma de lidar com o terror, ou um aviso, uma ilustração do mal, tal como as pinturas do terrível inferno na Idade Média.

Fonte inesgotável

Uma luz nasce na escuridão, iluminando a treva em que se encontra a alma e aquecendo o coração gelado. Poderá ser apenas mais uma estrela brilhante, que se mantém acesa na contemplaçao do amor. Esse bem raro, porém inesgotável, essa fonte misteriosa, que quanto mais usada é, mais jorra. E a luz prossegue, seguindo o seu caminho na escuridão da noite gélida, aquecendo o corpo e alma dos que dessa fonte querem beber. A treva, essa perdura na manhã sombria que está prestes a nascer, mas a luz... a luz nunca se apagará, enquanto a fonte não parar de jorrar.

A Modernização de um Mito

Sereias. Um mito clássico, de seres dotados de extrema beleza e voz melodiosa, que atraíam os antigos navegadores para o abismo. Proponho aqui duas obras que em nada se parecem, apesar de retratarem o mesmo mito. Na primeira, encontramos um quadro a óleo de um estilo mais clássico, onde vemos a criatura marinha a pentear os seus cabelos, enquanto observa algo, que está para além dos limites da tela, talvez fosse o seu próprio reflexo, talvez tentasse seduzir um marinheiro incauto... Na segunda obra, também a óleo, encontramos porém um tipo bem diferente de sereia, mais adaptada ao ideal de beleza moderno, que observa ao longe, um barco antigo. Deparamo-nos aqui com um pintor que recorre a alguma simbologia para transmitr as suas ideias. A tatuagem no braço da jovem sereia, coloca na nossa mente, a hipótese dela estar a observar um barco pirata. Estaria à sua espera? Ou estaria a despedir-se? Alguma vez chegara perto dele? Estas duas simples imagens, mostram-nos como u

A Visita do Brutamontes

Nesta obra, Jennifer Egan apresenta-nos um novo e interessante contexto literário, que explora até à exaustão alguns dos nossos maiores medos, refletidos na mente de músicos fora de tempo. Em A Visita do Brutamontes , cada capítulo é como uma pequena história, com os seus próprios protagonistas e dilemas diferentes. No entanto, à medida que avançamos na leitura, estas pequenas histórias, quase aleatórias, vão, aos poucos, entrelaçando-se umas nas outras, numa coesão surpreendente e arrebatadora. É uma viagem no tempo, onde pequenos momentos, com maior ou menor importância ou significado nos vão permitindo conhecer as personagens nos mais diverss contextos, num vai e vem de situações inusitadas, quase ridículas, que proporcionam um andamento e velocidade interessante a esta história. Mas as surpresas vão muito além da história propriamente dita. Desde interessantes diapositivos de Powerpoint, até sms's com abreviaturas que beiram a imperceptibilidade, Egan faz de tudo para

O Sublime

A sublimidade de uma obra poderá ser algo difícil de avaliar objectivamente, pois são muitos os critérios aos quais poderemos recorrer para o afirmar. Poderá ser uma obra grandiosa, causar espanto, ou mesmo horror. Poderá ser dona de uma beleza sem igual, da qual não conseguimos afastar o olhar... ou ser absolutamente insuportável mantermo-nos a observá-la por mais do que alguns segundos. Não é fácil, portanto, encontrar um único critério, que a torne indiscutivelmente sublime . Bourke referiu que tudo aquilo que nos provoque a ideia de dor e perigo, que é de alguma forma análogo ao terror, é uma "fonte de sublime", pois esta é a mais forte e poderosa emoção que a nossa mente é capaz de sentir. Eu, por outro lado, penso que o Sublime não se prende apenas com o terror, mas concordo com o final da afirmação, o medo é um sentimento com uma força que nos leva a tomar atitudes ou realizar ações que de outra forma não faríamos. Assim sendo, e ainda seguindo a corrente de Bou

Poster Promocional do meu último romance

Palavras: liberdade ou prisão?

De que forma é que os conceitos e as palavras interferem na forma como vemos e apreendemos o mundo? Hegel, filósofo alemão (1770 - 1831) disse que não podemos interferir com o objecto e dar-lhe um nome é interferir com ele. Pus-me então a pensar... Como seria o mundo sem conceitos? Sem palavras para nos ajudarem a exprimir o que sentimos, o que vemos e o que queremos? Como poderíamos descrever o sonho maravilhoso que tivemos ontem à noite ou a horrífica máscara de Halloween com que nos cruzámos no Metro? Seria possível? Segundo o mesmo autor, os conceitos e as palavras são abstratos e é impossível, através deles alcançar o mundo real. Então, concluo eu, só o toque, o cheiro, a intensa observação e manipulação do mesmo, nos permite descobrir a sua essência. Quanto às palavras, elas estimulam a nossa imaginação. Uma descrição muito pormenorizada de uma rua movimentada, vai criar duas ruas distintas na mente de duas pessoas. Mas, e se fugirmos aos conceitos e tentarmos representar
Mais um trabalho para a minha colecção "Sombras". Desta vez é um acrílico sobre tela. Espero que gostem.

Tears

Como descrever uma lágrima? Como lidar com aquela água morna, carregada de sentimentos que nos marca  o rosto, navegando sobre ele, como a água de um rio, quando atravessa lagos e montanhas? É uma espécie de humidade salgada que nos enche os olhos até transbordar numa cascata de emoções descontroladas. É a dor de uma perda traduzida num fenómeno sem igual. É um momento de solidão. É a alegria inexprimível, que encontra uma forma de se mostrar, quando as palavras já não são suficientes, porque essas, perdem-se no tempo e voam pelo espaço até perderem o sentido. Mas a lágrima, essa permanece. E vai trazendo à tona essa força bruta que habita dentro de nós e raramente se revela. Elas vertem de todos os olhos, libertando os sentimentos de cada coração, mesmo quando tudo o que queremos é que permeneçam escondidos, enterrados no mais pronfundo da nossa alma.