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Showing posts from 2014

Sim, eu sei...

Sim, eu sei que as coisas mudam e nós crescemos, que temos de seguir em frente, tomar decisões, fazer uma vida. Sim, eu sei que é o suposto, eu sei que é o que todos querem, ou dizem que querem, quando nem tudo corre mal e nos enlouquece. Sim, eu sei que não dá para voltar atrás e a partir de certo limite, o mundo faz com que tudo aumente, em proporções estrondosamente grandes e assustadoras. Sim, eu sei que isso não deveria preocupar-me ou assustar-me e que deveria receber a mudança de braços abertos e com uma felicidade incontrolável pelo meu simples crescimento pessoal. Sim, eu sei que todos passamos por isso e que aparentemente não é motivo de grandes preocupações, pois as coisas parecem sempre mais fáceis quando não é a nossa vez. Sim, eu sei... (Imagem: www.ideiademarketing.com.br)

Não Acredito em Bruxas, mas... (última parte)

Encontrava-me sentada no banco frio e rijo das urgências locais, enquanto procurava no meu telemóvel números antigos que desejava ardentemente não ter apagado. Encontrei por fim. Ligar para a mãe do ex-namorado após tê-lo atropelado com gravidade é algo que nunca ninguém deveria ser obrigada a fazer, mas eu fui... Após muitos gritos do outro lado, consegui dizer-lhe o que realmente tinha acontecido e explicar-lhe os procedimentos que se seguiriam. Após um “vou já para aí” seguiu-se um apito contínuo no telefone e eu guardei-o na mala. As lágrimas ainda não tinham parado de correr e eu sentia que tudo à minha volta estava de pernas para o ar, como se uma espécie de catástrofe tivesse destruído o meu mundo. Aproximei-me pela milionésima vez do balcão e uma mulher mal encarada respondeu-me: - Quando tiver notícias chamamos, não precisa de me interromper a toda a hora. Tive vontade de lhe bater, mas optei por afastar-me novamente. Saí para a rua e fumei vários cigarro

Não Acredito em Bruxas, mas... (2ª parte)

Ainda estava a tentar recompor-me do choque, quando um embate me sacudiu violentamente, obrigando o meu cinto de segurança a espremer-me contra o banco do carro. Receosa, olhei em frente e tinha batido num belíssimo BMW preto e coberto de lama, parado na autoestrada. Uma mulher furiosa saiu de dentro do carro e fitou-me com raiva. - Tem noção do que acabou de fazer? Eu estava incrédula a olhá-la. - A senhora tem o descaramento de parar no meio da autoestrada! O olhar da mulher para mim, fez-me olhar em volta e perceber que já havia saído da via rápida há muito tempo. Como era possível? Não me recordava de todo de ter feito aquele caminho... Voltei a focar-me nos olhos negros e enraivecidos da mulher à minha frente. Devia ter por volta dos 50 anos e o peso um pouco acima do recomendado. Trazia vestido um fato já muito coçado pelo tempo e uns sapatos que precisavam desesperadamente de graxa. Sacudi a cabeça de modo a clarear os pensamentos. Em seguida, saquei de uma d

Não Acredito em Bruxas, mas...

Há sempre um dia em que tudo corre mal, mas para isso, eu tinha o remédio perfeito: os meus óculos de sol. Eram muito, muito velhinhos mas sempre haviam funcionado como uma espécia de meu amuleto da sorte, que nunca falhava. Mesmo em dias de chuva, eu nunca os deixava em casa, ficavam escondidinhos na minha mala e faziam igualmente o seu serviço, bem, pelo menos, era assim que eu pensava. Estávamos em Fevereiro e fazia um frio de rachar. Não havia nada mais doloroso do que destapar-me de manhã e sair de dentro da cama quentinha. Assim, tentava prolongar o momento o mais possível, até que o pânico de estar atrasada, me tirasse o frio do corpo, enquanto eu saltava e corria desesperadamente para debaixo do chuveiro. Aquele, foi um desses dias. Fui me deixando ficar, mais 5 minutos, mais 2 minutos... o da praxe, até que os números vermelhos e brilhantes me indicaram que tinha cerca de 10 minutos para sair de casa. Levantei-me num salto e corri para a casa de banho, onde o chão

Memórias

As recordações vêm lentamente Uma a uma, numa espécie de neblina. Aos poucos, vão se tornando mais fortes, mais vívidas e cheias de indisciplina. Olho para o lado, mas os teus olhos voltam a prender os meus. Neles vejo histórias de piratas e mares bravios que me fazem temer pelo adeus. Mas o seu brilho apaga a tempestade e mostra-me os dias iluminados, Onde o porão se enche com os raios do sol De vários corações apaixonados. (Imagem:  blogavidasao2dias.blogspot.com)

Solidão

A chave roda e nada acontece. O barulho do motor é um leve tossicar. Não ruge, nada. À minha volta, o mundo parece desabar em água, violentamente atirada sobre o carro em que me encontro. As pessoas em meu redor, correm para se abrigar e ninguém, ninguém olha duas vezes para o local onde estou. O céu está escuro e medonho e eu encolho-me no assento. Não me apetece mover. À minha frente, uma minúscula aranha corre desenfreadamente sobre o tablier. Também ela não parece confortável. Estupidamente, a minha cabeça começa a encher-se de ideias idiotas, enquanto a água sobe do lado de fora. "Tenho que sair daqui", digo em voz alta, sem no entanto, mover um único músculo. Ao meu lado, jaz um telefone sem bateria sobre o banco já molhado pelas gotas que se esgueiram pela fresta aberta na janela. Pego-o e fito-o com raiva. Um trovão estremece tudo à minha volta e eu fecho os olhos. Não gosto de trovoada. Encolho-me mais no bando. Fecho os olhos com força. Espero. (Ima

Momentos

Sinto falta dos momentos, daqueles que ficaram para trás sinto falta até daqueles que a vida teima e não traz. Momentos de gargalhadas e tristezas, Risos na beira da fonte Não era um tempo de subtilezas Nada surgia no horizonte. Agora que temos tudo, agora que tudo é fácil, parece que lá falta a fonte a tornar tudo mais dócil. (Imagem Original: www.acorianooriental.pt)

Ansiedade

Esse excesso de futuro que penetra na mente, chega de mansinho quase sem darmos por ela. E sem sabermos como Já tomou conta da nossa mente Interfere na nossa vida Dita regras É cruel. Tal qual um ditador Só permite o que ela quer Só te deixa viver Sentir e estar, Quando a ela lhe aprouver, Quando a ela bem lhe souber.   (Imagem: www.mundodastribos.com)

Montanha Russa

Sigo firme pelos trilhos, Ora lá em cima, ora cá em baixo, às vezes, o mundo está direito, outras vezes, de cabeça para baixo. Ao meu lado outros riem, Outros gritam e choram, Alguns arrependidos da escolha, Outros a adrenalina devoram. A subir ou a descer, Em passo firme e lento, Ou a fazer o coração doer, E no rosto a força do vento. Quando chegamos ao fim, O corpo dormente não se move. Mas a vida é mesmo assim, Até que tudo se renove. (Imagem:  www.superdownloads.com.br)

O vento bate levemente no rosto, enquanto a brisa da manhã traz um leve cheiro de maresia. Os meus passos seguem caminho, lentos, mas certeiros e o coração bate a compasso, enquanto me dirijo ao meu destino. Não sei quanto tempo levarei a chegar, não sei se será fácil, não sei se será o que espero, mas sei que ele lá estará, lá naquele tempo chamado de futuro, onde tudo pode acontecer e o qual nós usamos para guardar todas as esperanças. E é lá, nessa estranha distância que os nossos sonhos continuam a sobreviver a povoar a nossa mente, com imagens de vitória. (Imagem:  semprearecomecar-sempre.blogspot.com)

Sentir

Sentiu a areia debaixo dos pés, a ranger sob a pele fina e gelada. A água salgada batia sem dó contra as suas pernas, dormentes. Não sentia nada, não sentia o frio cortante no rosto, não sentia os pingos que caiam sob os braços nus como pequenas pedras de gelo. Apenas aquela lágrima minúscula teimava em rolar-lhe sobre o rosto. Continuou a caminhar, ignorando as picadas de dor, enquanto as conchas se despedaçavam debaixo de si. Andou durante muito tempo, até atingir o final da praia. Sentou-se no chão e encarou o mar, tão profundo e cheio de mistério. Um refúgio que se agitava violentamente diante de si. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria de voltar a olhar para o passado, mas um pequeno vislumbre era o suficiente, para se sentir esmagar pela dor. Voltou a fitar a imensidão azul-esverdeada que nada parecia questionar e num momento de loucura gritou, gritou até ficar sem voz na garganta. Deitou-se sobre a areia húmida e enquanto a água acumulada nos grãos ensopava a sua

Halloween?

Saem à rua em pequenos grupos, Bruxas, vampiros, zombies assustadores... Só lá faltam os políticos corruptos, Mas esses já durante todo o ano são senhores. As crianças seguem pelas ruas De olhar inquieto e arregalado, Pedem doces, fazem das suas Já têm o discurso embalado. Há os que pregam partidas, Os outros que as suportam, a muito custo. No fim, contam-se as riquezas obtidas E estão prontos para mais um susto.  (Imagem: assustadoor.blogspot.com)

Ponto Por Ponto

Ponto por ponto, tecem-se caminhos, transformam-se vidas inteiras em desalinhos. Pintam-se os dias em laivos de cores brilhantes, Desenham-se as horas em momentos inconstantes. Ponto por ponto, gera-se a mudança Constroem-se pontes, vence-se com perseverança. (Imagem: artesanatosaprendaafazer.blogspot.com)

O Crime do Padre Amaro

Os clássicos nunca passam de moda e foi com este pensamento que decidi reler esta obra de Eça de Queirós. Como todas as suas obras, o autor transporta-nos para o ambiente de uma sociedade, onde as suas já famosas descrições, nos permitem visualizar o mais ínfimo pormenor. Como noutras obras de sua autoria, Eça de Queirós foca um grupo específico desta sociedade que ele critica sem clemência, neste caso, o clero, onde foca toda a sua hipocrisia e falsa conduta moral, bem como a pequena burguesia provinciana que aceita e alimenta esta conduta, sendo eles próprios falsos moralistas e/ou fanáticos religiosos. À medida que nos vão contando a história, vamos tendo acesso a pormenores do passado das personagens, que já nos indicam certas tendências de actuação das mesmas e fazem-nos questionar desde o início as suas atitudes e posições, dando-nos assim, um retrato vívido dos vários tipos característicos da sociedade portuguesa da época. Para além do romance e das personagens ce

O Medo

Esse bicho papão, esse monstro de olhos em chamas, que nos espreita a cada esquina e nos contamina com as suas manhas. O negrume que nos consome a alma dizendo que não somos suficientemente fortes. Um vazio que nos alimenta o pavor, e nos faz questionar tudo o que fizemos antes. É dor, é insegurança, faz-nos de todas as formas hesitar, quando encontramos o caminho certo, e tudo o que precisamos é avançar. (Imagem: pt.forwallpaper.com)

A Folha

Uma folha de papel, branca, imaculada. Umas manchas de tinta, que caem sobre a lombada, Aos poucos tornam-se palavras, que desenham os sentimentos mais profundos. Em cada uma delas há um pouco de alegria, de dor, de sorriso e de saudade. Cada uma à sua maneira, demonstra o que cada um de nós sente e pensa. Cada uma é um momento Que constrói uma vida de sonho e sentimento. (Imagem: sitedoescritor.ning.com)

A Rapariga Inglesa

Após ter lido diversas críticas bastante positivas, optei por ler esta obra de Daniel Silva. Fiquei agradavelmente surpreendida pela forma como a história se encadeia e pelo facto de mesmo quando achamos que é óbvia determinada situação, o autor consegue torná-la o oposto daquilo que tinhamos pensado. Daniel Silva apresenta-nos personagens e lugares de forma subtil e desprovidos de uma descrição minuciosa e cansativa. Conseguimos vislumbrar todo o ambiente e as personagens sem nos serem dados grandes detalhes, proporcionando a possibilidade do leitor imaginar cada um daqueles locais e cada umas das personagens mencionadas. Ao longo das 466 páginas d' A Rapariga Inglesa , o autor conta-nos uma história complexa, fruto, certamente, de muitas horas de pesquisa e criação de personagens e enredos. Um final surpreendente e apaixonante. Uma história que prende o leitor, com ações rápidas e escritas com especial desenvoltura. Mal posso esperar por ler outras obras do autor.

Hobbes

É uma nova vida que chega Frágil, indefesa Nada vê, é cega, E rodeada de incerteza. Sozinho, abandonado, Com tão pequeno tamanhinho, Apenas um leve miado, Nos ajudou e indicou o caminho. Sem ver, nem ouvir, rodeado de escuridão, só o tocar lhe permite sentir, tudo o resto é uma confusao. Leite morno, chuchar suave, Após um sono leve, Esse miar, piar de ave, Tudo o que ele quer descreve.

Santas de Roca

Fiz, mais uma vez, uma aposta na literatura nacional, aproveitando cada referência aos cantinhos desta nossa terra. Santas de Roca é uma narrativa emotiva, cheia de tragédias familiares, bem como de força e coragem para seguir em frente, quando estas nos assaltam. A história de uma mulher, proveniente de uma família complicada que se apoia na sua melhor amiga, até ganhar a força necessária para seguir sozinha o seu caminho. Germana Vaz Pinto preenche estas páginas com doces reviravoltas, trágicos acontecimentos e canários tão vivamente descritos, que quase podemos senti-los por entre os dedos. Vemos como a força dos laços, de sangue ou de alma, une as personagens de forma irreversível através das quase 200 páginas de história. A esperança de um recomeço, a revolta contra um destino incompreensível, um fim inacabado... Uma história que poderia ser a de qualquer um de nós.

Depois

Só depois, muito depois, percebemos os erros e os acertos nas nossas escolhas. Depois da alegria exorbitante, depois da tristeza desmedida, das gargalhadas estridentes, das lágrimas avassaladoras. Só depois, muito depois, percebemos que afinal não tinha assim tanta importância e que aquele dia distante, não era tão definitivo como pensávamos. Só depois, muito depois, perceberemos como é impossível fazer essa tal "escolha certa", como são devastadoras e insignificantes, todas as consequências.  Só depois... Só depois, olhamos para trás com o sorriso da condescência, com a amargura dos anos que passam. Só depois, quando chegar a nossa vez de dizer que "já tive a tua idade", é que poderemos alguma vez compreender, o significado do silêncio do tic tac do relégio ou do barulho do vazio. Só depois, muito depois... (Imagem: tocanto.blogspot.com)

O Erro

Senti finalmente o gosto da descoberta, a descoberta do erro da humanidade, o que nos faz cair e não voltar a levantar, o que nos consome as entranhas, o que nos deixa no chão, ou simplesmente, sem ele. Temos de aprender a lutar com mais força pelo que queremos, pelo que desejamos ser ou fazer. Temos de ter a coragem necessária, para enfrentar cada sorrisinho sarcástico, cada olhar de desdém, cada encolher de ombros indiferente. Não podemos acreditar que só o convencional é viável, que só o maioritariamente aceitável é permitido. Temos de lutar, porque aquilo que é errado para os outros é certo para nós, o que é inconcebível para eles, é muitas vezes, a nossa única saída. Então lutemos! Por nós, para nós... (Imagem Original: hidromel-da-magia.blogspot.com)

O percurso...

Este vídeo nasceu de uma pequena brincadeira com umas fotos antigas e dá uma ideia geral do meu percurso como autora.

Há Dias E Dias...

Há dias difíceis e dias calmos, Há dias em que acreditamos, noutros desesperamos. Há dias nos quais tudo sabemos noutros, nada mais somos do que enfermos. Há dias em que tudo são certezas, noutros, todas as dúvidas são acesas. Há dias que sim, Há dias que não. Há dias em que a felicidade está em mim, noutros, sinto que vivo num mundo cão. Há dias felizes, há dias tristes, Há dias de luz e dias de sombra. Há dias e dias, Há horas e minutos Há momentos para parar, mas muitos mais para lutar. (Imagem original: teyalex.blogspot.com)

Talvez O Destino

Era só um brilho ténue, Suave como um sopro. Vinha lentamente e sussurrava: "O que prometo, cumpro." Era talvez o destino Esse bicho papão devastador, Que acaba sempre por sair de fininho, Deixando para trás um cenário aterrador. Mas agora, todo ele era luz forte, Era certeza, era glória, Desta vez, mostrou-me o norte, Empurrou-me em direcção à vitória. (Imagem: www.mdig.com.br)

Midsummer Night's Dream

Hoje dei por mim em busca de uma representação pictórica do sonho. Após uma longa pesquisa, onde tudo o que encontrei foram imagens de pessoas ou animais adormecidos, eis que me surgiu este quadro. Adorei a imagem, teve um belo impacto, mas não estava certa de que representasse o sonho. Observei atentamente os detalhes desta aguarela em tons de azul. Mostrava algo de sonhador, tinha uma ténue aura de contos de fadas ou sonho confuso... Fui finalmente verificar a descrição dada pelo artista, Glenn Marshall, ao seu trabalho. " Sempre tive interesse no efeito da luz da lua sobre os objectos... subitamente, mesmo uma cena banal, se torna mágica! " Definitivamente, tornou-se o meu eleito para representar o irrepresentável. Porque o sonho é magia.

Pensamentos - Mafalda Ling

Chamou-lhe Pensamentos , mas poderia ser igualmente Sentimentos . Este livro de bela poesia é uma obra de, com e sobre sentimentos, escrito em jeito, aparentemente, auto-biográfico e que nos derrete do início ao fim. Em  Pensamentos, Mafalda Ling fala-nos de Amor, de Saudade, da Perda e da Amizade. Mas desengane-se quem pensa que a autora escreveu apenas sobre a triste inevitabilidade da dor romântica. Ao ler esta obra, é-nos transmitida muita força e coragem. É-nos dito que uma perda não é o suficiente para acabar connosco. Faz-nos acreditar em nós e manda-nos seguir em frente. E para confirmar o que digo e abrir a cortina da curiosidade, aqui fica um poema, com palavras vindas directamente do coração. Querer ou não querer, é a verdadeira questão. Isso do "ser ou não ser" já não é nenhuma interrogação. Quem quer vai, Quem quer procura, Quem quer sai, Não espreita pela ranhura. Quem quer luta, Quem quer não desiste, Quem quer exulta, E sempre in
Os dias sucedem-se Uns atrás dos outros, neste marasmo sem fim. Às vezes calmos, outras apressados, mas sem nunca parar, sem nunca nos deixarem desistir. Porque em cada trambolhão, Estará a nossa razão de existir. (Imagem original: wasforlove.blogspot.com)

Esqueletos no Armário (3ª parte)

Gabriel sentou-se na cama e inclinou-se ligeiramente para a frente, de modo a assentar os cotovelos sobre os joelhos e fitou as mãos, cujos dedos entrelaçara. - Sei que deves estar a pensar que sou um monstro. - E não és? - Talvez. - Não importa o que penso. Explica. Quero sinceramente ouvir o que tens a dizer. - Eu... sempre... fui diferente... daquilo que é considerado normal, ou.. esperado. Nunca percebi o que era a emoção, nunca entendi o choro ou.. a felicidade. Nada. Para mim, o lado emocional era o mais completo vazio. A única forma de eu... sentir... alguma coisa era... magoar. - Eu ouvia-o em silêncio tentando controlar a minha expressão facial. - Cresci sem ser notado, um pouco gozado na escola, mas isso não me afectava mais do que a qualquer outro, bem pelo contrário. Aos poucos fui me afastando mais e mais das pessoas e descobri a minha paz, a minha... adrenalina... a matar. Respirei pausamente para conter qualquer emoção prestes a explodir. -

Esqueletos No Armário (2ª Parte)

Sem saber como ordenar ao meu corpo que se mexesse, permaneci durante horas sentada no mesmo local. O telefone tocou várias vezes, a campainha da porta também ressoou uma vez. Não fui capaz de me mover. Aquilo que ali estava, mostrava um homem que eu não conhecia, mostrava algo... perturbador. Já começava a escurecer quando Gabriel voltou para casa. Entrou, vinha a sorrir, o mesmo sorriso de sempre, mas que agora me parecia tão sinistro, quanto forjado. Pareceu não reparar na minha postura, e disse-me apenas “boa noite”, seguindo para a casa de banho. O banho prolongou-se pelo que me pareceu uma eternidade e quando saiu da casa de banho, fitou-me. - Andaste em arrumações? - perguntou lançando um olhar aos papéis espalhados pelo chão. Não fui capaz de responder. - Fizeste alguma coisa para comermos? Estou cheio de fome... Consegui finalmente, obrigar os meus olhos a moverem-se de forma a encontrarem os seus. Um olhar vazio, sem... vida. - Mariana... Está tudo bem?

Esqueletos no Armário

Se quando nos levantamos da cama, soubéssemos o que nos espera durante o resto do dia, haveria com certeza várias manhãs nas quais nos recusaríamos a sair de lá. Aquele foi sem dúvida um desses dias e nada, mesmo nada, o fazia antever. Levantei-me como todos os dias às 6 horas e comecei a preparar o pequeno-almoço. O Gabriel saía sempre bem cedo para o trabalho e eu gostava de preparar-lhe alguns mimos logo pela manhã. Naquele dia, ele parecia especialmente bem disposto e conversámos um pouco durante o pequeno almoço. - Já decidiste o que vais fazer hoje? - perguntou-me. - Primeiro, a minha aula matinal de Step e depois vou provavelmente rodear mais alguns anúncios de jornal e enviar candidaturas a empresas que nunca respondem de volta... Senti o desânimo invadir-me a voz. Já se havia passado um ano inteiro desde que a empresa onde trabalhava fechara. Até agora, não tinha conseguido arranjar qualquer emprego... O toque caloroso do meu marido, fez-me sentir imedia