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Showing posts from March, 2014

O Fim da Fantasia

Às vezes, há uma angústia que nos invade, uma incerteza que nos persegue, uma dúvida que nos dilacera, um medo que não cede. É a mão do destino que movimenta as peças do complicado xadrez, transforma a vida num desalinho e obriga-nos a tentar mais uma vez. É como um sopro suave, que traz canções que não consigo interpretar. É a dúvida de uma dor contínua,  que parece não cessar. Os olhos já não querem ver, os ouvidos recusam-se a escutar, mas o coração não pára de bater e a cabeça continua a pensar. O corpo anseia pelo bálsamo, pelo alívio de um novo dia, um remédio que não chega, porque para ele não há sabedoria. E assim somos obrigados a seguir em frente, lutando por um futuro, dia após dia, movendo as peças no tabuleiro, e acabou a fantasia. (Imagem retirada de: http://www.brasiliagenda.com.br/eventos/festiva-de-xadrez-no-patio-brasil/)

Ocelote

E finalmente terminei uma das minhas experiências com o GIMP. Desta vez com mais sucesso. Demorou, mas acho que o resultado final foi compensatório. Espero que gostem. 

A Luz que Brilha

A luz que brilha faz-me sorrir E pensar que ainda ontem, Todo o meu coração chorava, toda a minha alma era treva. A luz que brilha faz-me acreditar, que por fim posso ansiar à realização de cada sonho, à descoberta de toda a felicidade. A luz que brilha trouxe por fim, a certeza da paz que me aguarda, quando tudo o que imaginei para mim, chegar de uma só assentada.

A Rainha do Nada (Última Parte)

Ao fim de muito tempo a dar socos e pontapés na porta, enquanto gritava até me doer a garganta, desisti. Com a música e o barulho do baile, ninguém ia ouvir. Sentei-me no chão gelado durante algum tempo. O idiota do Ivo ia acabar por me vir procurar, não? Não, conclui rapidamente. A Patrícia devia ter lhe dado alguma desculpa. Foi então que, sem saber porquê, reparei na pequena janela na parte de cima da parede... Respirei fundo e com a ajuda dos lavatórios e alguma coragem, consegui alcançá-la. Com o coração a bater na garganta, atirei os sapatos de salto alto para o lado de fora e saltei em seguida, sentindo rapidamente a relva húmida do orvalho nocturno sob os meus pés. Felizmente, não me magoara, pelo que pude calçar os sapatos e correr o mais depressa possível na direcção do salão de baile. Ivo estava próximo da entrada quando cheguei e estavam prestes a anunciar os reis do baile. Tinha ficado fechada mais tempo do que pensara e tinha de agir rapidamente. - Patrícia!

A Rainha do Nada (3ª parte)

Quando finalmente chegou a noite tão esperada, Patrícia tinha conseguido, não sei como, convencer-me a trocar de papéis. Era algo que fazíamos com alguma regularidade, principalmente em teste e exames, mas agora era diferente. Ela ia sair com o Pedro e eu tinha medo que isso corresse mal. No entanto, todos os seus argumentos sobre a minha incapacidade de relacionamento com o sexo oposto eram reais e eu não queria estragar tudo, mais uma vez... Vestimos a roupa uma da outra, penteámo-nos mutuamente e ela colocou-me a sua maquilhagem garrida, enquanto no seu próprio rosto, tentou uma sombra clara e uma pintura mais suave. Ao fim de hora e meia, estávamos prontas. Assim que Pedro dobrou a esquina da rua, Patrícia saiu de casa e correu ao seu encontro. Da janela da sala fiquei a observar a sua interacção, mas estava demasiado longe para ter uma clara noção do que se passava para lá do vidro. Não demorou muito a que tocassem à campainha. Dirigi-me maquinalmente ao corredor, onde

A Rainha do Nada (2ª parte)

Patrícia andava de mau humor, mais ainda do que era habitual. Nada estava bem, nunca estava contente e embirrava com tudo e com todos. Os meus pais começaram a reparar que algo de errado estava a acontecer e passaram a pressionar-me, porém, a minha resposta foi sempre a mesma: - Não sei. Chegámos finalmente à véspera do baile e não me apetecia estragar o meu bom humor, saber que ia acompanhada pelo Pedro já me deixava suficientemente nervosa, no entanto... ela era minha irmã. Respirei fundo e dirigi-me ao seu quarto. Entrei sem bater à porta. - O que é que queres? - resmungou, sem nunca se virar na minha direcção. Estava em frente ao espelho a maquilhar-se. - Vais sair? - Vou. Porquê? - perguntou, olhando finalmente para mim. - Eu queria falar contigo. O seu olhar gélido trespassou-me e eu engoli em seco. Em seguida, sentou-se ao meu lado e disse bruscamente: - Desembucha. - Eu estou preocupada contigo, - disse, ainda hesitante. - De há uns tempos para cá

A Rainha do Nada

Desde muito cedo que me acostumei a ser duas. Na escola, em casa, nunca fui apenas eu, éramos sempre nós. Para o bem e para o mal. Fazia parte da vida. A Patrícia é tecnicamente mais velha do que eu, apesar de termos nascido com menos de uma hora de distância. Mas talvez isso tenha influência, talvez seja esse o motivo pelo qual ela é sempre melhor, mais segura, mais capaz... Eu sou irremediavelmente melhor aluna do que ela e no entanto, ela é tão melhor do que eu em tudo o resto, em tudo o que conta realmente... No liceu, eu não existo, ou talvez exista, sendo apenas a sua sombra, que a acompanha a uma distância razoável e para a qual nunca falam. Tenho poucos amigos e os que tenho, foram feitos graças a ela. Tudo na minha vida acontecia apenas devido às capacidades dela, ou pelo menos, era assim que eu pensava... até ao início deste ano. Em Setembro, a escola começou sem grandes novidades, mais aulas, mais livros a cheirar a novos e lápis por afiar, um novo cacifo para e

A Game Of Thrones

Como todos os livros que se transformam em filmes ou séries, faço questão de, sempre que posso, ver primeiro o filme ou equivalente e ler o livro completo no fim. Porquê? Porque após ler o livro, não poderei mais olhar para o filme da mesma forma. Foi o que aconteceu com The Game Of Thrones , no qual deixei a série televisiva avançar para começar então a ler o primeiro volume da série A Song Of Ice And Fire . Fiz questão de ler o original, em inglês, e não me desiludi. Mergulhar nestas páginas às cegas, pode tornar-se confuso nos primeiros capítulos, demasiadas personagens, demasiadas localizações, sem qualquer referência real para nós... Claro que para quem já viu a série, todos aqueles nomes ganham rapidamente um rosto e uma voz. Foi o que aconteceu comigo. Ler esta história, foi como visualizar novamente cada episódio, só que numa espécie de versão extended , com novas cenas e acesso aos pensamentos das personagens. Ao ler o livro, os actos de cada uma ganham um nov

Lançamento do meu 2º livro

Pois é, está finalmente pronto o meu segundo livro e será lançado em breve. É com grande alegria que aqui partilho o poster promocional do lançamento e vos convido a todos a estarem presentes neste dia tão importante para mim. O evento será realizado na Livraria "Desassossego", na Rua de São Bento e é aberto a todos os que quiserem participar. Basta aparecer.  Sábado, dia 5 de Abril conto convosco!

Inês de Castro

Este poema foi inspirado na história da "rainha morta". Espero que gostem. :) A intriga e a mentira são parentes, Uma é a corda que nos enlaça, A outra, a mão que nos aperta e nos atira para uma barcaça. A noite é de tempestade E a barcaça está furada, Mas é a intriga mais mortal, do que a água que entra pela amurada. Os lábios que falam, Os ouvidos que escutam, A farsa que cresce, Os ingénuos que a executam. A dor, porém, Chega ao final. Quando todos mostram seu desdém, O mundo inteiro é seu rival.

Rain... Again

Hoje escolhi uma imagem temática, que reflecte as nossas últimas semanas. Chuva, chuva, chuva... Este St. Giles in the Rain , de Francis Hamel, chamou a minha atenção, não só pela sua beleza e estilo artístico, mas porque as suas cores (ainda antes de ter qualquer informação sobre a tela) imediatamente me fizeram pensar na cidade de Londres, sempre tão identificada com a chuva. Não foi precisa muita pesquisa, para descobrir que este St. Giles in the Rain pertence a uma bela colecção elaborada entre 2001 e 2004, da qual fazem parte várias paisagens de grande beleza. Francis Hamel nasceu em 1963 e fez a sua primeira exibição pública em 1983, em Oxford. Podem conhecer melhor a sua obra e até adquirir alguns exemplares, em www.francishamel.com/en/.