De repente, sentiu que todos o fitavam de maneira diferente. Os olhares outrora calorosos e sorridentes eram agora substituídos pela luz da desconfiança, pelo brilho ténue do desdém.
Não sabia porquê, todos os dias se perguntava o que ocorrera, o motivo de tal mudança. Mas não via nenhum, não encontrava qualquer explicação.
Aquele dia tinha sido especialmente difícil com tanta coisa a acontecer, tudo estava errado e o trabalho não rendera.
Ao entrar em casa, sentou-se pesadamente no sofá e olhou para o ecrã negro da televisão apagada. Acontecia-lhe muitas vezes nos últimos tempos, sentir que nada mais importava, nada fazia sentido.
Foi quando ouviu o som das rodas por olear, a correr lentamente pelo chão de madeira envernizada. Ergueu o olhar no momento em que o leve "chiar" parou e deu de caras com o seu filho a olhá-lo fixamente.
- Precisas de ajuda? - perguntou inexpressivamente.
- Não. - referiu o rapaz, travando a cadeira à sua frente. - Mas tu precisas.
O homem olhou bem fundo nos olhos do seu filho. Sim, ele sabia porque motivo tinha de continuar em frente.
(Imagem: http://olhares.sapo.pt/depois-do-passado-os-olhares-do-futuro-foto2558611.html)
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