A chave roda e
nada acontece. O barulho do motor é um leve tossicar. Não ruge,
nada. À minha volta, o mundo parece desabar em água, violentamente
atirada sobre o carro em que me encontro. As pessoas em meu redor, correm
para se abrigar e ninguém, ninguém olha duas vezes para o local onde
estou.
O céu está
escuro e medonho e eu encolho-me no assento. Não me apetece mover. À
minha frente, uma minúscula aranha corre desenfreadamente sobre o
tablier. Também ela não parece confortável. Estupidamente, a minha
cabeça começa a encher-se de ideias idiotas, enquanto a água sobe
do lado de fora.
"Tenho que sair
daqui", digo em voz alta, sem no entanto, mover um único músculo. Ao
meu lado, jaz um telefone sem bateria sobre o banco já molhado pelas gotas que se esgueiram pela fresta aberta na janela. Pego-o e fito-o com raiva.
Um trovão
estremece tudo à minha volta e eu fecho os olhos. Não gosto de
trovoada. Encolho-me mais no bando. Fecho os olhos com força. Espero.
(Imagem: minhacabecablog.blogspot.com)
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