De que forma é que os conceitos e as palavras interferem na forma como vemos e apreendemos o mundo? Hegel, filósofo alemão (1770 - 1831) disse que não podemos interferir com o objecto e dar-lhe um nome é interferir com ele. Pus-me então a pensar...
Como seria o mundo sem conceitos? Sem palavras para nos ajudarem a exprimir o que sentimos, o que vemos e o que queremos? Como poderíamos descrever o sonho maravilhoso que tivemos ontem à noite ou a horrífica máscara de Halloween com que nos cruzámos no Metro? Seria possível?
Segundo o mesmo autor, os conceitos e as palavras são abstratos e é impossível, através deles alcançar o mundo real. Então, concluo eu, só o toque, o cheiro, a intensa observação e manipulação do mesmo, nos permite descobrir a sua essência.
Quanto às palavras, elas estimulam a nossa imaginação. Uma descrição muito pormenorizada de uma rua movimentada, vai criar duas ruas distintas na mente de duas pessoas. Mas, e se fugirmos aos conceitos e tentarmos representar essa mesma rua através da arte? Também estaremos a criar tantas ruas diferentes, quanto o número de pessoas que as observam?
Provavelmente.
A arte nunca é, na verdade, o objecto real, mas uma representação do mesmo, que engloba não só a imagem aproximada do objecto, mas também, uma série de sentimentos e reflexões que, eventualmente, este terá provocado no artista.
Lewitt, em 1968, afirmou que os artistas são mais místicos do que racionalistas, saltando rapidamente para conclusões que a lógica dificilmente poderia alcançar.
Assim, podemos nós concluir, que uma representação pode tocar-nos mais profundamente do que uma pintura extremamente realista, que poderá transmitir-nos mais facilmente a excelência do autor, do que a grandiosidade da sua obra.
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